Lamas, Amarelinho, Nova Capela... Conheça 9 bares centenários do Rio, que já receberam de Walt Disney a Getúlio Vargas
Conheça três bares centenários do Rio de Janeiro Há um ditado que diz que "uma cidade também se conta pelos bares". No Rio de Janeiro, claro, não é difer...

Conheça três bares centenários do Rio de Janeiro Há um ditado que diz que "uma cidade também se conta pelos bares". No Rio de Janeiro, claro, não é diferente. O g1 reuniu as histórias de estabelecimentos que testemunharam mais de um século da boemia carioca. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça Amarelinho 📍Praça Floriano, 55 - Cinelândia ⏰ Aberto de 11h a 1h, todos os dias. O bar nasceu em 1921 com o nome de Café Riviera, mas era reconhecido pela cor do seu prédio, onde antes ficava o Convento de Nossa Senhora da Ajuda. O apelido pegou e a casa aderiu, tornando-se o Amarelinho. Gravatinha amarela: o uniforme clássico dos garçons do centenário 'Amarelinho da Cinelândia' Stephanie Rodrigues/g1 "Do outro lado da praça também tinha o que o pessoal chamava de Vermelhinho, mas fechou faz tempo", contou José Lemos, atual sócio do bar. Ele está na casa desde os 18 anos. O espanhol começou como copeiro logo que chegou ao Brasil, fugindo da Ditadura Franquista. Seu José, 89 anos, sócio do Amarelinho, segue recebendo clientes todos os dias na Cinelândia Stephanie Rodrigues/g1 Hoje, aos 89, continua lá, todos os dias, cumprimentando a clientela com um cardápio na mão e muito orgulho. "Não existe bar melhor do que esse aqui!" Ele recebeu o g1 vestindo a camisa - uma pólo, da exata cor que dá nome ao estabelecimento. No coração da Cinelândia, o ícone carioca reunia, em suas mesas, deputados e senadores, na época em que o Rio ainda era Distrito Federal, assim como artistas da região, que já foi considerada a "Broadway Brasileira". Hoje ainda recebe parlamentares da Câmara Municipal, que é sua vizinha, e atrai turistas. Segundo Lemos, independente de quem seja, o tratamento é igual para todos os fregueses. "Aqui todo mundo é popular", diz. Em 70 anos de bar, ele viu de tudo. De brigas de casal dignas de novela até protestos políticos, como em 2013, quando mesas do Amarelinho foram incendiadas e usadas como barricadas. O Seu José conhece cada ladrilho daquele salão, mas, mesmo para ele, o espaço tem alguns segredos. O tradicional Amarelinho, ponto de encontro de políticos e artistas desde os anos 1920 Stephanie Rodrigues/g1 Ele contou que, quando o imóvel foi comprado, os primeiros donos encontraram uma passagem subterrânea entre o antigo convento e algum ponto próximo à atual Praça Mahatma Ghandi, onde antes ficava o Palácio Monroe, que foi sede do Senado Federal. Ele não sabe onde, exatamente, ficava a saída do túnel e nem para que ele era usado. Todo bar tem direito aos seus mistérios. Café Lamas 📍 R. Marquês de Abrantes, 18a - Flamengo⏰ Aberto de 9h30 a 0h, às segundas, e de 9h30 a 1h30, de terça a domingo. De 1874, o Lamas é considerado o restaurante mais antigo ainda em funcionamento na cidade, segundo a própria casa. Mas ele era mais do que isso. O Café Lamas, de 1874, já recebeu nomes como Machado de Assis, Noel Rosa e Walt Disney Stephanie Rodrigues/g1 No antigo endereço, no Largo do Machado, o estabelecimento tinha três ambientes. Na entrada, funcionava uma mercearia, no centro o restaurante onde eram servidas as refeições e, ao fundo, um salão com mesas de sinuca e serviços de bar. A ideia era atender a todos os gostos e em todas as horas, isso porque o Lamas ficava aberto 24h por dia. E sempre cheio. Antes que os boêmios terminassem a última rodada, já chegava gente para o café da manhã. E, por falar em café da manhã, o Lamas era a parda obrigatória de Getúlio Vargas, que pedia sempre um chá e torradas, antes de ir para o Palácio do Catete. Itamar Franco era mais do chope. De frequentadores ilustres, a história do Café é cheia. E todos eles autografaram uma página nos cadernos do restaurante, como conta Milton Brito, atual sócio do estabelecimento. Machado de Assis, Noel Rosa, Monteiro Lobato e Oscar Niemeyer são alguns exemplos. Alcione eternizou, com sua voz, o bife do Lamas, na música "Rio Antigo". Até Walt Disney esteve por lá quando visitou o Rio. Era um ambiente para boas ideias. Até time de futebol já nasceu por lá. E não foi qualquer um! Foi lá que um grupo de dissidentes do Fluminense teve a ideia de seguir seu próprio rumo, adotando as cores rubro-negras. Por isso, o estabelecimento, na fronteira entre o Flamengo e Laranjeiras, sempre foi ponto de encontro da torcida flamenguista e chegou a ser homenageado em uma camiseta do time. Em 1976 o restaurante teve que se mudar, por conta das obras do metrô e continua sua história na Rua Marquês de Abrantes. E lá, Milton segue com a tradição. Um discreto caderno preto coleciona dedicatórias de nomes como Bruna Marquezine e Lázaro Ramos. Fundado no século 19, o restaurante foi palco de histórias curiosas. Stephanie Rodrigues/g1 O Café já viu de tudo, mas a história mais marcante para Milton foi essa: "Eram 2h da manhã, o Lamas fervilhando", conta. Uma senhora sentou-se no meio do salão, já no novo endereço, e pediu uma canja. Assim que a sopa chegou, uma criatura comprida despontou da gola da sua blusa. A mulher tinha trazido uma cobra para jantar. Assim que o primeiro freguês percebeu o que acontecia, foi uma correria. "Era chope para todo lado!", lembra Milton. Nova Capela 📍Av. Mem de Sá, 96 - Lapa ⏰ Aberto de 11h a 0h, de domingo a quinta-feira, e de 11h a 2h, às sextas e aos sábados. Desde 1903, o bar mantém viva a tradição da culinária portuguesa. O estabelecimento ficava no Largo Lapa, onde existia uma antiga capela, que deu a ele o seu nome. Fundada em 1903, a Nova Capela mantém viva a tradição da culinária portuguesa no Rio Stephanie Rodrigues/g1 Na década de 60, o Capela mudou de endereço. No número 96 da Avenida Mem de Sá, reabriu com o nome Nova Capela. E, lá, foi ponto obrigatório da boemia carioca. Madame Satã, uma das personagens mais representativas da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século 20, teria estado naquele salão. O prato mais famoso da casa é o cabrito assado, com arroz de brócolis, batata corada e alho frito. Segundo o gerente, João Carvalho, "tem gente até de São Paulo que vem para provar o cabrito". O cabrito assado com arroz de brócolis é o prato mais famoso da Nova Capela, atraindo clientes até de fora do estado Stephanie Rodrigues/g1 Bar Brasil 📍Av. Mem de Sá, 90 - Lapa ⏰ Aberto de 11h a 0h, de terça a quinta-feira, de 11h a 2h, às sextas e aos sábados, e de 11h a 17h aos domingos. De brasileiro, só tem o nome. Fundado por dois austríacos em 1907, o bar se chamava Zepelim e sempre serviu pratos de origem alemã. Durante o período da segunda guerra, o estabelecimento sofreu com a antipatia da população e chegou a fechar. Quando reabriu, adotou esse nome mais patriótico, mas manteve a comida e a decoração europeia. O kasseler é o carro chefe. Segundo Gustavo Marins, o atual dono, é praticamente um carré de porco. Bar Brasil – Centenário bar da Lapa, foi inaugurado em 1907 com o nome de Zeppelin - a mudança veio depois da Segunda Guerra Mundial. Referência em culinária alemã, tem entre os pratos mais famosos o Kassler (costela de porco defumada). Marina Herriges/Riotur Além do tradicional, o bar também serve o Kasseler à Mineira, que teria sido ideia de Paulinho da Viola, frequentador da casa. A proteína vem acompanhada de tutu, arroz e couve. Marins não sabe se isso é fato ou mito. É uma história contada pelo pai dele, um espanhol que começou na casa como copeiro e acabou herdando o negócio dos austríacos. O que ele sabe é que a união cultural é o segredo do sucesso. "Nem todo mundo tem que gostar de chucrute", diz, bem-humorado. Armazém São Thiago (Bar do Gomes) Armazém São Thiago, ou Bar do Gomes, em Santa Teresa Alexandre Macieira/Riotur 📍R. Áurea, 26 - Santa Teresa ⏰ Aberto de 12h a 0h, de segunda a sábado, e de 12h a 23h, aos domingos. Em Santa Teresa, O Armazém São Thiago, conhecido também como Bar do Gomes, abriu em 1919 e funcionava como uma mercearia. Depois, mudou de ramo e virou um bar icônico do bairro. Em 2011 o estabelecimento se tornou Patrimônio Cultural da cidade do Rio de Janeiro, sendo tombado pela prefeitura. Botequim de verdade: O Armazém São Thiago, ou Bar do Gomes, para os mais chegados, é patrimônio cultural do Rio. Reprodução Casa Paladino 📍 R. Uruguaiana, 224 - Centro ⏰ Aberto de 7h a 20h30, de segunda a sexta-feira. Também considerado Patrimônio Cultural Carioca, o estabelecimento, fundado em 1906 mantém sua decoração, cardápio e serviço característicos. Começou como uma sofisticada delicatessen e se estabeleceu como armazém e mercearia. Quem visita a Casa Paladino pode desfrutar das bebidas, enlatados e conservas, além dos tradicionais sanduíches no pão francês, recheados com até três ingredientes escolhidos pelo cliente. Casa Paladino, no Centro do Rio. Reprodução: Riotur Armazém Senado 📍Rua do Senado 60/Av. Gomes Freire 256 - Centro ⏰ Aberto de 7h a 20h30, de segunda a sexta-feira, e de 9h a 19h, aos sábados. Desde 1907, o armazém serve cerveja gelada na Rua do Senado, que divide o nome com o estabelecimento. E, em muitas noites, a bebida é acompanhada por uma tradicional roda de samba. Roda de samba no Armazém Senado Alexandre Macieira/Riotur Aurora 📍 R. Cap. Salomão, 43 - Humaitá ⏰ Aberto de 11h30 a 0h, de segunda a sábado, e de 11h30 a 23h30, aos domingos. No Humaitá, desde 1898, o Aurora mantém a tradição da culinária portuguesa e do chope. Apesar de ter sido reformado, conserva o estilo antigo, com ladrilhos que lembram azulejos. Restaurante Aurora, no Humaitá Reprodução/Google Maps Rio Minho 📍R. do Ouvidor, 10 - Centro ⏰ Aberto de 11h a 17h, de segunda a sexta-feira. Inaugurado em 1884, o Restaurante Rio Minho é o mais antigo da cidade ainda em funcionamento. A casa serve os tradicionais frutos do mar, na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio. Restaurante Rio Minho Alexandre Macieira/Riotur Restaurante Rio Minho Alexandre Macieira/Riotur